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Ben Carson: Diálogo com um neurocirurgião pediátrico que, a despeito de ter passado por uma cirurgia para a retirada de um câncer, ainda costuma sonhar alto. Jonathan Gallagher
Dr. Carson, obrigado por conceder-nos mais uma entrevista. O que aconteceu em sua vida desde 1990? Muita coisa. Primeiramente me tornei muito mais conhecido no mundo todo. Tenho recebido muitas homenagens e tido muitas oportunidades de testemunhar a outros, geralmente em níveis elevados. Uma das principais coisas é a tremenda procura pelos meus serviços. Eu poderia me tornar seletivo, por exemplo, e apenas tratar de pacientes que podem pagar; mas eu nunca fiz isso. Assim, tive de imaginar meios cada vez melhores de cuidar das pessoas e também de encaminhá-las aos melhores especialistas da região. Que pode dizer sobre seu trabalho profissional? Ouvi que o senhor realiza mais de 400 cirurgias por ano. Estou pensando em reduzir esse número para cerca de 350. Eu gostaria de aumentar as oportunidades de realizar palestras públicas, das quais gosto muito, mas nunca faría exclusivamente isso. Alguns anos atrás pensei em deixar a carreira médica. Ela pode tornar-se incrivelmente frustrante, com toda a burocracia e cuidados administrativos que produzem limitações financeiras. Disse a mim mesmo que não valia a pena toda essa agitação. Eis por que tenho trabalhado para instituir a Fundação Beneficente de Doações, que tornaria possível praticar a medicina de modo mais acessível. Para aqueles que não têm seguro ou que têm seguro insuficiente e sofrem de doenças complexas, esse fundo permitiria ao médico tratar-los sem qualquer preocupação sobre sua condição financeira. Quando me animei a estudar medicina, pesquisei a vida de Cristo e Seu ministério de cura. Ele não verificava se o doente possuía seguro. Eu gostaria de poder realizar esse sonho. O Programa Carson de Bolsas de Estudos (www.carsonscholars.org) está sendo extremamente ben-sucedido. Estou empenhado em contribuir para o progresso de jovens estudantes, não apenas do ponto de vista acadêmico, mas também em termos de qualidade humana. Cerca de $400.000 dólares já foram distribuídos em bolsas de estudos, e temos mais entrando em várias filiais locais. Estou também mais envolvido com a área governamental, tendo me familiarizado com os presidentes Bush e Clinton, e conhecido alguns dos assessores, senadores e diputados. Muitos têm insistido que eu ingrese na política, mas eu só faria isso se Deus me pegasse pelo colarinho e me colocasse lá. Uma vez que não creio em precisão política, meus pontos de vista não se encaixariam bem! Como está atualmente sua saúde? Como o senhor se sente deixando de ser médico e tornando-se paciente per algum tempo? Penso que sou muito bom paciente para um médico. Todavia, prefiro ser médico e não paciente! As perspectivas são diferentes. Já me considero bastante sensível mas essa enfermidade me tornou ainda mais sensível às doenças e à dor das pessoas. Ela também confirma minha apreciação pelos cuidados dispensados. Eu sempre disse que as enfermeiras são a infantaria da medicina, e ao tornar-me um paciente essa apreciação se intensificou. Veja você, eu nem sempre faço o que me mandan fazer. Como o senhor ficou sabendo do câncer e como reagiu? Eu tinha alguns sintomas e fui fazer exames. Depois de tentar antibióticos e outros tratamentos, mandei fazer uma biópsia. A indicação inicial era de 18% de probabilidade de câncer prostático. Entretanto, no dia seguinte, recebi os resultados dos exames enquanto estava realizando uma cirurgia. A enfermeira segurou o telefone junto ao meu ouvido. Era um câncer de alto risco. Agradeci e tentei não pensar sobre isso durante a intervenção cirúrgica. A caminho de casa o pensamento me turbava. Já teria ocorrido metástase? O câncer era de rápida progressão. Eu tinha algo que poderia matar-me. Não era o pensamento da morte que me incomodava, mas de deixar família, pacientes, equipe, milhares de pessoas que estavam dependendo de mim. Senti-me um traidor e isso me atormentava. Minha esposa Candy e eu conversamos a respeito. Não estávamos 100% certos do que tudo isso significava. Embora houvesse certo temor, Candy mefez lembrar de que o Senhor cuidaria de tudo, pois Ele sempre faz assim. O senhor pode dizer algo sobre os resultados da sua cirurgia? A cirurgia foi muito bem-sucedida. O câncer estava restrito, mas a um milímetro de alastrar-se. Os nódulos eram todos negativos e os nervos foram poupados. E eu vou prosseguir! O que essa experiência representou para sua fé? Mesmo nos momentos mais escuros, quando pensava ter metástase na espinha dorsal, minha fé era forte. Como eu disse antes, creio que Deus nunca comete erros. Isso me dá grande confiança. Mesmo que eu morra haverá uma razão e Deus fará delá o melhor. Embora eu não tivesse nada como a experiência de Jó, pude identificar-me com sua declaração acerca de Deus: "Ainda que Ele me mate, nEle confiarei." Até a morte confiarei em Deus e estarei seguro de que Ele cuida de tudo. Por outro lado, eu pensava que Deus não me deisearia eu morrer, mesmo que estivesse metástases na espinha dorsal. Ele poderia resolver o problema e curar-me. Essa experiência aprofundou meu relacionamento com Deus. Embora eu sempre tenha iniciado e findado o dia com oração e estudo da Bíblia, agora eu o faço com maior vigor. Tenho pensando e apreciado o que Deus criou - flores, árvores, a incrível beleza do canto dos pássaros pela manhã, as raposas e os milharais. Sou muito grato pela família saudável e pelo dom divino da liberdade --ir e vir como e quando quiser, fazer o que quiser-- essa é uma bênção extraordinária! Agora reconheço muito mais o quanto Deus nos ama. Tenho meditado sobre minha vida, recordando-me do tempo em que eu tinha 8 anos, assentado sobre os desgastados degraus de madeira de nossa casa em Boston, cercado de ervas daninhas, sujeira e vidros quebrados, convivendo com os sem-tetos e as gangues. Lembro-me da sensação de desesperança que sentia. Rapaz, foi um longo caminho de lá até aqui! E quem me trouxe aqui foi Deus. Como Ele conduziu aquele meninozinho desde o cortiço até aqui! Pensei nos personagens bíblicos e em como Deus está tão ativo hoje. Ele está disposto a nos ouvir e atuar em nossa vida. Como está escrito em Provérbios 3:5 e 6: "Confie no Senhor de todo o seu coração e não se apóie em seu próprio entendimento; reconheça o Senhor em todos os seus caminhos e Ele endireitará as suas veredas." (NVI) O que o senhor gostaria de dizer aos jovens, alguns dos quais estão cursando faculdade? Testemunhe! Não permita que alguém defina seu testemunho para você. Se você é um cristão e ama as pessoas, isso se tornará patente. Testemunhar não é necessariamente distribuir folhetos ou dar estudos bíblicos. É como tratamos as pessoas e como reagimos às coisas. É como ser bondoso e tratar os outros, não proferindo ditos sarcásticos e cruéis, por exemplo. Não se torne o mesmo tipo de pessoa dogmática que aqueles que discutem com você. Olhando para além do debate e respeitando opiniões que são diferentes das suas, você pode ser uma testemunha muito mais eficiente. Ao falar em público, que mensagem o senhor costuma dar? Depende do auditório. Faço uma palestra no hospital uma vez por mês. Falo freqüentemente sobre o conceito de que a pessoa que mais tem a ver com o que acontece a você, é você mesmo. Com educadores, destaco a influência que um professor motivado e bem ajustado pode exercer. Aos grupos civis e políticos, falo sobre liderança e responsabilidade e os efeitos deletérios da burocracia. Ao falar em círculos acadêmicos, em universidades, minhas crenças são o destaque. Nesse ambiente costumo tratar de justiça política integral. Há uma tendência de pensar que qualquer religião exótica ou oriental é boa, enquanto que as cristãs tradicionais não o são. Tolerância, contudo, significa mais do que ter pessoas concordando com você. Você precisa avaliar, ser objetivo e demonstrar sinceridade. Os intelectuais freqüentemente falam dos cristãos, mesmo aqueles que são educados, como tendo mente fraca e necessitando suas crenças como muletas. Mas esses pensadores não podem responder por que as pessoas amam umas às outras. O esquema evolucionista não se encaixa na questão. É interessante que quando falo nos campi das universidades e faculdades, pode parecer que não sou apreciado, mas, minha recepção tem sido regularmente entusiástica. E sobre o futuro? O que Deus tem em reserva para o futuro? Algo muito diferente daquilo que penso. Estou certo disso! Eu só espero estar pronto. Ele tem a tendência de preparar as coisas. Eu não sei como, mas Ele sabe. Deus sabe como todas as peças se encaixam. O senhor ainda acredita em sonhar alto, usando o título de um de seus livros? Sim, essa é a mensagem: Sonhe alto! Eis o que Deus deseja que todos nós façamos. Entrevista concedida a Jonathan Gallagher. Jonathan Gallagher é o Diretor de Relações com as Nações Unidas para a Igreja Adventista do Sétimo Dia. Seu e-mail: gallagherj@gc.adventist.org. |
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