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Archaeopteryx: um réptil voador? Raúl Esperante Estou intrigado com relação ao Archaeopteryx, um fóssil mencionado em muitos compêndios de ciência. Ele era uma ave ou um réptil? Suas características e posição no registro fóssil apóiam a hipótese evolucionista ou a perspectiva criacionista? Desde sua descoberta, em 1861, o Archaeopteryx lithographica (ver foto) foi sempre um fóssil controvertido. Sua descoberta invulgar proporcionou certa credibilidade à teoria darwinista da evolução. O Archaeopteryx apresenta um misto de características encontradas em aves, répteis e dinossauros terópodes, e por essa razão os cientistas se dividem com relação à sua origem, capacidade de vôo e posição na suposta seqüência evolutiva de répteis a aves. Os ornitólogos consideram-no como ave arbórea com traços característicos não usuais e numerosas características reptilianas, porém rejeitam a suposta descendência dos dinossauros. Por outro lado, a maioria dos paleontologistas vê o Archaeopteryx como um elo intermediário na evolução desde os dinossauros terópodes até às aves modernas. Para eles, o Archaeopteryx é um dinossauro alado que vivia em terra. Obviamente essa conclusão supõe que os dinossauros foram os ancestrais das aves. O Archaeopteryx apresenta várias características das aves: presença da fúrcula (clavículas fundidas), anatomia dos dedos e do púbis, existência de ossos ocos e a presença de penas aparentemente modernas. Um estudo recente do crânio de um espécime de Archaeopteryx, feito mediante tomografia computadorizada de alta resolução, revelou que seu cérebro tinha lobos iguais aos das aves modernas. Contudo, resultados semelhantes foram observados em pterossauros (répteis voadores) usando a mesma técnica. Logo, essa evidencia não favorece de forma conclusiva a natureza do Archaeopteryx como ave, pois os pterossauros (dinossauros) também têm a mesma característica. A descoberta recente de ossos ocos no Archaeopteryx também não é evidência definitiva favorável ao vôo ativo, pois algumas aves da família Bucerotidae (por exemplo, o calau terrestre) também têm ossos bastante ocos, porém são voadores deficientes. J. H. Ostrom (*) e outros paleontologistas sugerem que a similaridade entre o Archaeopteryx e os dinossauros terópodes é muito maior do que a existente entre ele e as aves. Portanto, o Archaeopteryx seria um dinossauro com penas. De fato, um de seus sete espécimes bem conhecidos foi identificado inicialmente como pterossauro, enquanto outros dois foram identificados como Compsognathus (um dinossauro terópode). Essa identificação errônea não foi causada por um trabalho descritivo malfeito; o problema é que os Archaeopteryx sem penas – ou com penas que ainda não foram identificadas – são extraordinariamente parecidos com o Compsognathus. É essa a razão pela qual alguns paleontologistas não consideram o Archaeopteryx como ave, e sim como dinossauro alado. Há quem diga que o problema na caracterização do Archaeopteryx reside na perspectiva de quem está examinando o fóssil. Os paleontologistas também discutem entre si se o Archaeopteryx era capaz de voar e se era terrestre ou arbóreo. Estudos realizados sobre várias características anatômicas do Archaeopteryx – incluindo a simetria das penas, a anatomia das asas e a massa muscular inferida – têm levado a conclusões contraditórias. Entretanto, a maioria dos especialistas defende que a posse de asas com penas constitui um convincente argumento a favor da capacidade de voar. Os estudos publicados indicam que o mesmo conjunto de características pode ser interpretado de duas maneiras contraditórias, resultando em modelos bastante distintos para os hábitos do Archaeopteryx. Temos de reconhecer que, apesar do Archaeopteryx apresentar um mosaico de características de répteis e aves, suas asas bem desenvolvidas e penas com aparência moderna teriam exigido uma alteração evolutiva enorme que ainda não foi explicada satisfatoriamente. A lacuna existente aponta para numerosos desafios ao cenário evolutivo proposto. O que existiu entre o Archaeopteryx e seus predecessores que não tinham asas e penas? Não foram descobertos quaisquer espécimes que ilustrassem esse salto evolutivo. Não só precisamos propor modelos para a evolução das penas, mas também para o surgimento de estruturas, órgãos e fisiologia que tornassem possível seu uso efetivo. O desenvolvimento da capacidade de voar, a fim de que os répteis ancestrais se transformassem em aves, exigiria também a aquisição de adaptações fisiológicas e anatômicas bastante complexas, incluindo o mecanismo para manter constante a temperatura do corpo (as aves são homeotérmicas e os répteis pecilotérmicos), a alta taxa metabólica (a dos répteis é pequena), e a perda de adaptações e órgãos que já eram plenamente úteis e otimizados nos ancestrais. As penas deveriam ter co-evoluído juntamente com as estruturas que as controlam e as tornam úteis para o vôo. Não se trata somente da aparência de uma cobertura de penas, mas também de um conjunto de características que contribui para a operação de uma estrutura bastante sofisticada. Pode-se indagar por que o Archaeopteryx (ou outro qualquer suposto ancestral das aves) teria tido asas ou precursores de asas durante milhões de anos, se esses órgãos não eram plenamente funcionais. De acordo com a teoria darwinista, somente os mais bem adaptados sobrevivem, e as estruturas não vantajosas para a espécie desaparecem. A questão, portanto, é por que a evolução teria mantido uma estrutura durante milhões de anos até que ela se tornasse plenamente operacional? Se isso aconteceu, podemos então crer que a evolução tem a capacidade de prever as necessidades futuras de uma espécie, o que implica possuir ela poderes sobrenaturais. E se as estruturas fossem de fato plenamente funcionais, por que a seleção natural “melhoraria” ou alteraria estruturas que já operavam adequadamente? Ficaria assim questionada a validade da seleção natural como motor da evolução. Nesse sentido, o Archaeopteryx não ajuda a resolver o mistério de como surgiu o vôo em termos de evolução, de quais foram os seus ancestrais ou de quando poderia ter ocorrido tal salto evolucional. O Archaeopteryx tem sido um enigma desde que foi descoberto, devido à combinação problemática de suas características, muitas das quais são comuns a alguns dinossauros terópodes, outras partilhadas com os répteis, e outras ainda especificamente com as aves. O mais notável é a presença de penas modernas naquilo que aparenta ser um corpo terapódico. Não surpreende que ornitologistas e paleontologistas não entrem em acordo quanto à natureza desse animal. Creio que o Archaeopteryx foi uma criatura singular, com características que, talvez, não se consigam catalogar dentro de qualquer categoria atual de seres vivos. Sua origem e natureza parecem obscuras, e possivelmente ele seja apenas mais um exemplo da enorme capacidade criadora de Deus. Raúl Esperante (Ph.D. pela Loma Linda University) é paleontologista do Geoscience Research Intitute em Loma Linda, Califórnia, EUA. Seu endereço eletrônico é resperante@univ.llu.edu. Para um tratamento mais amplo deste assunto, leia o artigo “O que é o Archaeopteryx?”, em Ciências das Origens no 8 (2004), e também Timothy Standish, “Fossil Birds” em Geoscience Reports 87 (2004). O primeiro desses artigos pode ser encontrado em http://www.scb.org.br, em português, e o segundo em http://www.grisda.org. * J. H. Ostrom, “Archaeopteryx and the origin of birds”, Biological Jounal of the Linnean Society 8 (1976): 91-182. |
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